O Dojo 道場
14:51“Antes de estudar Zen, as montanhas são montanhas e os rios são rios. Enquanto estuda Zen, as montanhas deixam de ser montanhas, os rios deixam de ser rios. Uma vez alcançada a iluminação, as montanhas voltam a ser montanhas e os rios voltam a ser rios”. Ditado Zen.
Dojo é comumente traduzido como academia de artes marciais, porém seu significado vai além disso. A palavra é formada por dois ideogramas: Do (道) = Caminho e Jo (場) = espaço/lugar, logo Dojo significa "local onde se busca o caminho, onde se pratica o caminho", mas que caminho é esse? É no dojo de artes marciais que o praticante vai em busca do seu aperfeiçoamento técnico, moral e físico, logo o dojo está onde você está. Você faz o dojo, você é o responsável por manter vivas as tradições aprendidas.
Essa busca pelo caminho é cercada por muito esforço e sacrifícios, os quais te dão base para amadurecer e continuar caminhando. Por isso, tendo como base a filosofia do Budo, nós praticantes de karatê devemos nos policiar e manter vivo os sentimentos de respeito e perseverança e a humildade acima de tudo.
Os Senpai sempre com total respeito e igualdade com os Kouhai, um torcendo pelo outro, um contribuindo para a melhora do outro. Isso torna um dojo realmente forte e unido, o resto são apenas palavras e atitudes jogadas ao vento. Quanto maior for sua graduação maior é a sua responsabilidade e em consequência, maior deve ser a sua humildade.
Portanto, no dojo não existe espaço para enaltecimento do próprio ego, arrogância e demais sentimentos que apenas prejudicam a harmonia no dojo. Somos responsáveis pelo outro, o Sensei responsável pelos alunos e os alunos responsáveis pelo Sensei, pois ninguém é melhor que ninguém. O que torna um dojo vazio e falho são justamente as atitudes opostas a esse pensamento.
As partes de um dojo
Na frente do dojo (Kamiza / Shomen) se localiza o kamidana (pequeno templo de origem xintoísta), no lado Joseki ficam os senpai os alunos mais antigos do dojo, ao fundo fica o Shimoza, onde deveria se localizar a entrada do dojo e no lado esquerdo Shimoseki ficam os kouhai que são os alunos menos graduados, os mais iniciantes do dojo.
O centro da área de treinamento é chamado de Enbu-jo, é nessa parte do dojo que acontecem as demonstrações formais de artes marciais, temos também o Shiai-jo, um local onde acontecem as competições de Budo, e por fim, o Keiko-jo um "local de prática", não necessariamente sendo um prédio ou local fechado, podendo ser qualquer local onde se pratique as artes marciais como em locais mais próximos a natureza para que haja essa interação do praticante com o mundo ao seu redor.
Segundo Dave Lowry, em seu livro "O Dojo e Seus Significados", após conversar com uma professora de Chado (Cerimônia do Chá), ela explicou que a disposições dos dojos eram feitas de acordo com a filosofia taoista e seus elementos da natureza.
O Shimoza, que representa o sul, se associa ao elemento fogo, ao intelecto, aos detalhes de etiqueta referentes a interação humana e a vontade de aprender. É neste local que os novatos passam a observar e a aprender as regras de um dojo.
O lado Joseki, que está ao leste, corresponde à madeira e aos valores da virtude e caridade. É onde ficam os mais antigos, os quais tem a responsabilidade e comprometimento de ajudar e ensinar os mais novos, pois o futuro de sua arte está nas mãos desses novos integrantes e das sucessivas gerações que irão absorvê-la, aperfeiçoá-la e levá-la adiante.
Ao norte fica o Kamiza, correspondendo ao elemento água e a sagacidade. É o centro espiritual de um dojo, no qual se localiza o kamidana, o tokonoma (alcova para oferenda de flores) e, muitas vezes, o retrato do fundador da arte ou alguma imagem relacionada à arte. Um Kamiza construído e mantido corretamente contribui para o moral do dojo.
O Shimoseki fica no lado oeste, é associado ao elemento metal e a retidão. É nesse lado que os kouhai concentram suas atividades e onde atentamente observarão o lado Joseki, onde estão concentrado os senpai.
A área central do dojo é chamado de Enbu-jo, associado ao elemento terra e a honestidade. É onde o praticante entra em conflito com as próprias inseguranças e desculpas e precisa oferecer o melhor de si para o treinamento. Não é um lugar para conversas e sim para ações.
O Dojo com o passar do tempo se torna a própria extensão da sua casa, da sua família, e, para tanto, devemos todos nos respeitar acima de tudo, nos unir em momentos de dificuldade e felicidade, nos manter perseverantes no caminho do aperfeiçoamento pessoal e do grupo. Sempre se dispondo a contribuir para as conquistas dos nossos companheiros (irmãos), devemos nos manter verdadeiros e fiéis ao que achamos certo, mas dispostos a aceitar as diferenças que existem nos outros, procurando evoluir com cada experiência.
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